Revista Pais&Filhos
Para Poupar nos sustos ;)
"Acidentes. Esperamos que nunca aconteçam, mas quando sucedem, devemos estar preparados para os resolver da melhor maneira. saiba que medidas pode adoptar para evitar maus momentos. E o que fazer quando eles surgem.
«Ao menino e ao borracho, põe Deus a mão por baixo», diz a sabedoria popular, segundo a qual a maior parte dos acidentes com crianças têm, felizmente, poucas ou nenhumas consequências. Mas, e quando o pior acontece mesmo? «Há que estar preparado para saber o que fazer perante acidentes ou doenças súbitas e graves», afirma Rui Rebelo, técnico do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). E isto é importante até quando «a melhor atitude a tomar é não fazer nada e aguardar que a ajuda profissional chegue».
Para o paramédico do INEM, tão importante como saber primeiros socorros é ter uma atitude preventiva. «É evidente que algumas situações são inevitáveis, mas acredito que muitas outras não teriam de acontecer se os adultos adoptassem medidas simples de precaução». O Verão é mais propenso a acidentes, seja porque as crianças e os jovens passam muito tempo ao ar livre e em actividades mais físicas, seja porque o quotidiano das famílias é interrompido pelas férias e os habituais cuidados são colocados para segundo plano. Saiba o que fazer para enfrentar os sobressaltos no tempo quente. E, já agora, no resto do ano.
INTOXICAÇÕES ALIMENTARES
As intoxicações alimentares ocorrem quando são ingeridos alimentos contaminados com substâncias tóxicas produzidas pelo próprio alimento, por microrganismos, bactérias, vírus ou metais. Os sinais mais comuns são náuseas, vómitos, diarreia, febre e cólicas. A maior parte destes sintomas podem levar à desidratação por perda de água e sais minerais.
Como prevenir
* Lavar as mãos, utensílios e superfícies com água quente e detergente antes e depois da preparação de alimentos;
* Os vegetais devem ser bem lavados em água corrente;
* Manter a carne, aves, ovos e peixe ou marisco crus longe dos alimentos prontos a comer;
* Nunca pôr alimentos cozinhados em pratos previamente utilizados para alimentos crus;
* Cozinhar os alimentos de modo a garantir que no seu interior se alcance uma temperatura de 75ºC. E aquecê-los até à emissão de vapores ou à ebulição;
* A maioria das bactérias cresce bem entre os 5 e os 60ºC. Como tal, não se devem deixar os alimentos perecíveis, os alimentos prontos a comer ou os restos de comida, à temperatura ambiente por mais de duas horas.
* Os alimentos devem ser descongelados no frigorífico ou no microondas, e nunca à temperatura ambiente.
Como tratar
* Não deixar desidratar a criança. Isto significa procurar manter os níveis de água mas também de sais minerais e de açúcar. Existem à venda saquetas de hidratação oral que, misturadas com água, permitem repor o equilíbrio electrolítico;
* Se a criança se apresentar cansada, tonta ou mal disposta, é sinal de que a desidratação pode ter chegado a um estádio mais grave. Faça o seguinte teste: segure a pele entre os seus dedos por uns momentos, como se a fosse beliscar. Largue. Se a prega da pele se mantiver levantada, é sinal que a criança deve ser vista rapidamente pelo médico.
ENVENENAMENTOS
A experiência de Rui Rebelo diz-lhe que os envenenamentos infantis ocorrem ao longo de todo o ano mas o seu número, mais uma vez, cresce no Verão. «Por muitos cuidados que existem em casa, as crianças tomam contacto com novas realidades, novas casas, espaços comerciais e o perigo pode estar à espreita onde menos se espera», afirma, dando como exemplo uma actividade aparentemente tão inócua como os passeios no campo. «As famílias dedicam-se a apanhar cogumelos e, de vez em quando, à mesa, apercebem-se de que não conhecem tão bem todas as espécies como imaginavam. E o passo seguinte são as urgências do hospital!»
Como prevenir
* Guarde sempre os produtos tóxicos e de limpeza em locais inacessíveis e tenha cuidado: uma prateleira a que um bebé de seis meses não consegue chegar pode ser facilmente explorada por uma criança de dois ou três anos. Vá alterando os sítios conforme o seu filho for crescendo;
* Nunca coloque bebidas alcoólicas, detergentes, lixívia, insecticidas ou pesticidas em garrafas de água ou de refrigerantes usadas, porque as crianças podem ingerir o produto pensando ser água ou sumo;
* Todos os medicamentos devem ser guardados em lugares altos e bem fechados. Não os tome à frente das crianças, pois estas tendem a imitar o comportamento adulto.
Como tratar
* É importante reconhecer os sinais de envenenamento: alteração do comportamento, perda de consciência, tonturas, vómitos, queixas de queimaduras e/ou dores;
* A actuação imediata é muito importante, pois pode evitar que a substância ingerida entre na corrente sanguínea;
* Cada caso é um caso e nem todas as situações se resolvem com o vómito. Antes pelo contrário. Por exemplo, se uma criança bebeu lixívia sofreu lesões no esófago e poderá sofrer novas corrosões se a lixívia lhe voltar à boca;
* O melhor a fazer é ligar imediatamente para o Centro de Informação Antivenenos (CIAV) e explicar de forma rigorosa o que aconteceu: idade e peso da criança; tipo e quantidade de substância ingerida e todos os pormenores de que se lembrar.
* Do outro lado da linha, e em função das informações que lhe forem prestadas, o técnico do CIAV indicará o que fazer: se provocar o vómito, se fazer a criança ingerir produtos que retardem a absorção do tóxico (leite e carvão activado são algumas), se ir a um serviço de saúde ou aguardar pela chegada dos técnicos do INEM.
ACIDENTES NA ÁGUA
Verão é sinónimo de mar, rio, piscina. E também de «ribeiros, lagos, poços e outros locais onde uma criança ou jovem pode ter um grave acidente», afirma Rui Rebelo. Para além de todos os cuidados anti-afogamento, o técnico do INEM alerta para os perigos de «nadar e mergulhar em locais que não conhecemos. Todos os anos nos aparecem casos de crianças e jovens que ficam com lesões graves a nível da coluna porque, por exemplo, bateram com a cabeça ou as costas no fundo do rio ou da piscina, ou numa rocha escondida no mar».
Como prevenir
* Perto da água, não perca as crianças de vista e não facilite o acesso a piscinas, banheiras, lagos, tanques, poços, fossas, baldes e alguidares;
* Escolha praias e piscinas vigiadas e cumpra a sinalização das bandeiras. Redobre os cuidados em praias, de mar ou fluviais, que não estejam vigiadas;
* Ensine as crianças a nunca irem nadar sozinhas e a não mergulharem sem conhecerem a profundidade da água;
Como tratar
* Retirar, se possível, a criança de dentro de água, colocá-las sobre uma superfície estável e rígida e ligar o 112. Transmitir ao técnico do INEM toda a informação possível: local do acidente, o que aconteceu; o número das vítimas, se estão conscientes ou se têm lesões aparentes;
* Se não estiver ninguém presente que saiba reanimação cardio-respiratória, é preferível que nenhuma pessoa toque na vítima antes da chegada do socorro;
* No caso de inconsciência e perda de respiração, a reanimação passa pelas compressões torácicas, de forma a manter a circulação sanguínea e oxigenar os órgãos vitais;
* A tradicional respiração boca-a-boca não é aconselhada pelos profissionais de socorrismo, dando-se preferência às compressões.
* Nos casos de perda de consciência, mesmo que a vítima recupere rapidamente, a ida ao hospital é necessária para determinar a existência ou não de lesões internas.
TRAUMAS
Nesta palavra cabem desde os acidentes graves a um joelho marcado. E as crianças são particularmente atreitas a traumas porque são mais frágeis fisicamente e não têm um entendimento do perigo semelhante ao dos adultos.
Para Rui Rebelo, todas as campanhas anti-acidentes «não são demais». No entanto, para o socorrista, existe ainda muito para fazer e dá como exemplo as «situações normais que escondem perigos» as lesões infantis causadas por acidentes com os carrinhos de supermercado. «A plataforma onde se sentam as crianças não é mais que uma prateleira estreita com dois buracos para as pernas. E cada vez há mais casos de crianças que se magoam seriamente porque caem do carrinho abaixo, entalam-se contra as prateleiras, puxam artigos dos expositores e eles tombam por cima delas, etc., etc.,»
Como prevenir
* Observe os ambientes quotidianos com «olhos de criança» e elimine os perigos visíveis: arestas, escadas desprotegidas, fornos e fogões acessíveis, camas sem grades, fios soltos...
* Não se limite a proibir as crianças de fazerem isto ou aquilo: ensine-as e alerte-as para os riscos que certos actos ou situações envolvem, para que elas desenvolvam a noções de perigo, de comportamentos perigos e atitudes seguras;
* Sempre que necessário, explique à criança porque é que as suas acções lhe são permitidas a si e a ela não;
* Dê o exemplo. As crianças adoram imitar os adultos e se a si não lhe apetece pôr o cinto de segurança porque a viagem de carro é pequena, muito dificilmente elas o farão. E está provado que a maior parte dos acidentes graves se dão em trajectos curtos…
Como tratar
* Quando existem dúvidas sobre a gravidade da situação ou se é impossível ou discutível transportá-la sem a ajuda de meios médicos, ligue imediatamente o 112. O técnico do Centro de Orientação de Doentes Urgentes vai perguntar o que aconteceu e como está a criança, decidindo então o modo de transporte e socorro;
* Para além das circunstâncias do acidente, é importante que quem ligar para o 112 informe o técnico de eventuais patologias anteriores da criança e se, entretanto, foi realizada alguma manipulação ou dado alguma substância ou medicamento.
* Na dúvida, e se possível, não toque na criança antes da chegada do INEM;
* Nos casos menos graves, os técnicos de saúde, seja por telefone ou presencialmente, alertarão para alguns sinais a que é importante manter atenção nas horas e dias seguintes ao acidente: sonolência, apatia, vómitos, desorientação, vista turva ou apatia.
ENGASGAMENTO
Um botão brilhante que parece ser saboroso. Um pedaço de fruta que vai para o canal errado. Um brinquedo pequenino que entra, não se sabe bem como, para a garganta e por lá fica. Para que uma criança comece com dificuldades respiratórias por obstrução, vulgo engasgada, é preciso muito pouco. Esta é uma das situações mais temidas pelos pais mas a boa notícia é que na esmagadora maioria dos casos fica resolvida em poucos segundos.
Como prevenir
* Não deixe objectos de pequenas dimensões no chão ou ao alcance das crianças;
* Os brinquedos devem ser suficientemente grandes para não poderem ser engolidos e suficientemente resistentes para não lascarem ou partirem;
* Tenha atenção ao tamanho dos pedaços de alimentos que lhe oferece e não permita que ela «petisque» do prato dos adultos sem vigilância.
Como tratar
*Num bebé, deverá virá-lo de barriga para baixo em cima do seu braço e dar-lhe algumas pancadas na zona das omoplatas, para provocar a saída do objecto. Numa criança crescida, a manobra deverá ser idêntica, mas realizada com ela de pé;
* Nunca deverá tentar travar a tosse. Pelo contrário, deve incentivar a criança a tossir com toda a força. Este é o mecanismo natural que o corpo tem para tentar expelir o objecto estranho e funciona quase sempre;
* Logo que a criança dê sinais de prostração, mesmo leves, peça ajuda via 112. Bastam uns minutos para que perca a consciência por falta de oxigénio e qualquer segundo pode se fatal.
* Se, mesmo com a retirada do objecto, a criança continuar inconsciente, coloque-a de lado (para evitar a queda da língua e a aspiração de vómito) antes da chegada de socorro. Isto serve também para todas as perdas de consciência súbitas.
FERIDAS
Há feridas e feridas: as muito extensas devem ser sempre observadas por um técnico, pois podem necessitar de uma intervenção mais especializada e levar pontos. As provocadas por uns patins com vida própria ou uma bicicleta desgovernada – que magoam mais na moral do que no corpo – são tratadas em casa, com alguns cuidados e muito mimo.
Como tratar
* Parar a hemorragia. O melhor é pegar num pano limpo ou em compressas de algodão e fazer pressão na zona;
* Em seguida, há que lavar muito bem a ferida de toda a sujidade, com água ou, na falta dela, soro fisiológico;
* Desinfectar com solução dérmica, colocar um penso por cima e mudá-lo todos os dias até a ferida começar a ganhar crosta são os passos seguintes. Logo que a crosta apareça e a ferida tenha bom aspecto, deve-se deixá-la ao ar;
* Quando mudar a ferida observe-a e se notar alguns sinais de contaminação – cor, cheiro ou aspecto inflamado – convém que a criança seja vista por um profissional. Nunca esprema uma ferida nessas condições ou arranque a crosta.
QUEIMADURAS E ELECTROCUSSÃO
Face a uma queimadura – seja por fogo ou corrente eléctrica – é preciso actuar sobre o calor, diminuindo a temperatura no local queimado e impedindo que alastre. Na maior parte dos casos, a assistência médica é necessária, pois uma queimadura pode não ser extensa à superfície mas ter afectado profundamente as várias camadas da epiderme.
Como prevenir
* Procurar evitar que a criança aceda a locais onde existem chamas ou fontes de calor tais como fogões, lareiras, aquecedores, etc;
* Todas as tomadas eléctricas devem ter ligação terra e protectores adequado.
Como tratar
* Se houver um foco de fogo, caso não tenha um extintor à mão, deve abafar a criança com um cobertor.
* Retire o vestuário, mas tenha em atenção que o que ficou preso à pele só deverá ser tirado no serviço de urgência;
* Aplicar água fria é a melhor maneira de diminuir a temperatura local e impedir que continue a acção do calor na pele e nos tecidos corporais. Nunca deve usar gorduras;
* Proteja a pele queimada com gaze normal, chame o 112 ou, se for possível, leve a criança o mais rapidamente possível a um serviço de urgência:
* Algumas queimaduras causam bolhas que não devem ser retiradas a não ser pelos profissionais de saúde.
* As queimaduras causam dores violentas. Assim, para diminuir a dor aplique de imediato um supositório igual ao usado habitualmente para a febre;
* É importante que ninguém se precipite para cima da criança pois se a electricidade ainda está a passar o adulto pode ficar também electrocutado;
* Corte a corrente no disjuntor ou afaste a criança da tomada ou do fio tocando-lhe com um objecto não condutor de electricidade (madeira, plástico).
O QUE TER NA CAIXA DE PRIMEIROS-SOCORROS
Fuja do algodão e da água oxigenada. O primeiro deixa filamentos e a segunda pode ser facilmente substituída por água ou soro e não desinfecta da forma como os nossos pais e avós pensavam.
* Compressas
* Ligaduras
* Termómetro digital
* Solução dérmica para desinfecção
* Soro fisiológico
* Analgésico
* Antipirético – paracetamol sob a forma de xarope ou supositório
* Antidiarreico
* Pomada anti-histamínica
* Hidróxido de alumínio para regular o excesso de acidez no estômago
TENHA ESTES NÚMEROS SEMPRE À MÃO
112
Número Nacional de Emergência Médica
808 250 143
Centro de Informação Antivenenos
808 24 24 24
Saúde 24"
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